Governo cogita reduzir imposto de importação de alguns alimentos para baixar preços, diz Rui Costa


Segundo o ministro da Casa Civil, nenhuma medida ‘heterodoxa’ será adotada. Preocupação com a inflação dos alimentos tem gerado incômodo no presidente Lula, que convocou ministros para reunião nesta sexta. Rui Costa, ministro-chefe da Casa Civil, ao lado do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participa da cerimônia de assinatura do contrato de concessão da BR-381/MG, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), em 22 de janeiro de 2025.
Fátima Meira/Enquadrar/Estadão Conteúdo
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou nesta sexta-feira (24) que o governo estuda a possibilidade de reduzir o imposto de importação de alimentos que, por algum motivo, estiverem mais baratos no exterior que no Brasil.
Segundo o ministro, ao facilitar a importação desses alimentos, o governo contribuiria para aumentar a oferta do produto e, por consequência, a queda do preço.
“Não tem explicação para [o preço interno] estar acima. Todo produto que o preço externo estiver menor que o interno, vamos atuar. O preço se forma no mercado. Se tornarmos mais barata a importação, vamos ter atores do mercado importando. E vão ajudar a abaixar o preço do produto interno”, disse.
Na mesma entrevista, Rui Costa disse que o governo não pretende adotar nenhuma medida “heterodoxa” (fora do padrão) para abaixar o preço dos alimentos nos supermercados.
Segundo o ministro, a inflação que tem gerado aumento nos preços é consequência de índices internacionais, como alta do dólar e busca por commodities.
“Quero reafirmar taxativamente: nenhuma medida heterodoxa será adotada. Não haverá congelamento de preços, tabelamento, fiscalização. Ele até brincou: não terá fiscal do Lula nos supermercados, nas feiras. Não terá rede estatal de supermercados, de lojas. Isso sequer foi apresentado nesta ou em qualquer outra reunião”, defendeu o ministro.
Ministros fazem reunião para discutir preços dos alimentos
De acordo com ele, o aumento no custo da comida dos brasileiros é resultado de “um cenário que não tem a ver com a economia brasileira, tem a ver com os preços internacionais dessas commodities”.
A fala do ministro ocorre após reunião com presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Palácio do Planalto. Lula convocou ministros da área para debater possíveis ações governamentais que possam contribuir com a queda no preço dos alimentos e bebidas no país.
A questão tem sido um ponto de preocupação no governo federal desde o começo do ano passado, quando pesquisas de opinião identificaram que o custo dos alimentos estava impactando negativamente na avaliação do presidente.
Custo da comida é pedra no sapato do governo desde 2024 e Lula discute medidas para baixar preços
Cenário atual e perspectivas para o ano
De acordo com Rui, o presidente pediu que os ministros apresentassem, durante a reunião desta sexta, o cenário atual do preço dos alimentos mais consumidos pela população, a evolução nos últimos anos e a perspectiva para 2025.
“Se apresentou uma influência muito forte de preços que os economistas chamam de commodities. Café, soja, milho, laranja, preços que são definidos no mercado internacional. Em vários desses produtos, se constatou uma subida, a exemplo do café”, afirmou Rui.
O ministro reafirmou que, apesar dos ruídos ao longo da última semana, o governo não pretende intervir diretamente nos preços.
“A convicção do governo brasileiro é de que os preços se formam no mercado, não são produzidos artificialmente. Seja no mercado internacional, que no caso tem uma relação muito forte com as commodities, seja com relação ao valor do dólar que também influencia os preços”, declarou.
Segundo Rui Costa, após um 2024 “extremamente severo do ponto de vista climático”, a projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de que a safra geral brasileira cresça 8% em 2025 – com destaque para produtos como arroz e feijão.
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