Rede de drogarias afirmou que a decisão foi tomada após a conclusão da sindicância instaurada sobre o caso. Vítima foi transferida para outra unidade da empresa no litoral de São Paulo. À esquerda, auxiliar que denunciou gerente por ato obsceno em Santos (SP). À direita, uma das unidades da rede de farmácias (imagem ilustrativa)
Arquivo pessoal e Nissei/Divulgação
O gerente de uma farmácia denunciado por abaixar a calça e mostrar o órgão genital ereto para uma funcionária em Santos, no litoral de São Paulo, foi demitido da rede de drogarias. A empresa informou ao g1 nesta quinta-feira (23) que a decisão foi tomada após a conclusão da sindicância instaurada sobre o caso. A vítima, de 26 anos, já havia sido transferida para outra unidade.
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O caso aconteceu na farmácia no bairro Campo Grande. De acordo com a auxiliar de serviços gerais, o gerente disse estar queimado de sol e abaixou a calça, mostrando a cueca com o órgão genital ereto. Em seguida, ainda segundo o relato da mulher, o homem falou para a situação “ficar no off”. A equipe de reportagem procurou o profissional acusado de assédio, mas não conseguiu contato.
Em nota, a Farmácia Nissei afirmou que o gerente deixou de integrar o quadro de funcionários da rede após o encerramento da sindicância interna. Antes disso, o homem trabalhou normalmente por mais de uma semana depois da denúncia da vítima.
“A companhia reforça que adotou todas as medidas necessárias e cabíveis, com seriedade e respeito”, afirmou a rede de farmácias.
Apesar do desligamento, a funcionária, que preferiu não ser identificada, explicou ainda não se sentir aliviada. “Sinto que é meio caminho andado para que ela [justiça] seja feita. Ainda tenho receio de ir trabalhar, ele destruiu a minha vida profissional. Espero que ele pague pelo o que fez comigo”.
A empresa alegou que o desligamento aconteceu na terça-feira (21), mesmo dia em que a companhia informou à equipe de reportagem que a sindicância interna ainda não havia sido finalizada. Os detalhes da conclusão da apuração não foram divulgados pela rede de farmácias.
Transferência
A rede de farmácias acrescentou que, desde o primeiro contato da colaboradora com o Departamento de Recursos Humanos (RH), medidas imediatas foram adotadas com a transferência dela para outra unidade e a oferta de suporte psicológico especializado.
A auxiliar de serviços gerais, porém, afirmou que o RH queria que ela continuasse a trabalhar com o gerente na mesma unidade. A mulher alegou ter ficado dois dias em casa até conseguir transferência.
Relembre o caso
Ao g1, a funcionária explicou ter sido abordada pelo gerente no piso superior, onde ficam os banheiros, vestiários, cozinha, estoque, depósito de material de limpeza e a sala dele.
Segundo o relato, a vítima limpava os banheiros do andar de cima quando o gerente apareceu e disse que não conseguia andar direito por conta das queimaduras do sol. Ainda de acordo com a auxiliar, o homem levantou a camisa para que ela observasse o corpo dele de frente e de costas.
“Não satisfeito, [o superior] entrou no banheiro com a porta aberta e disse que as pernas também estavam todas queimadas”, afirmou a funcionária. Neste momento, de acordo com ela, o homem saiu com a calça abaixada, mostrando o órgão genital ereto.
A auxiliar afirmou que o homem disse para “ficar no off” e para ela não contar a ninguém o que ele tinha feito. “Eu não tive nenhuma reação, simplesmente larguei a vassoura e desci. Esperei o mesmo descer para subir, terminar a minha tarefa e esperar dar o horário de ir embora”, desabafou.
Polícia
A vítima acrescentou que não há câmeras de monitoramento no piso superior da farmácia. Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), o caso foi registrado como ato obsceno pela Delegacia Eletrônica e encaminhado ao 2º Distrito Policial (DP) de Santos, em 13 de janeiro.
Ainda de acordo com a SSP-SP, diligências são realizadas para o esclarecimento dos fatos. “Mais detalhes serão preservados por se tratar de crime sexual”, finalizou a secretaria.
Justiça
O advogado Carlos Alberto Comesaña Lago, que representa a colaboradora, afirmou à equipe de reportagem que assumirá o caso na esfera trabalhista e adotará todas as providências cabíveis em favor da cliente.
“Será proposta uma ação trabalhista pedindo, entre outros direitos, a indenização em função do fato ocorrido”, explicou o profissional. Ele ressaltou que a mulher recebe atendimento psicológico e continua trabalhando em uma outra unidade.
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