Mais um papelão do Brasil

Soldado israelense teve que deixar o BrasilReprodução

Antes de abordar um evento para lá de vexatório ocorrido nesta última semana no Brasil, é importante lembrar alguns fatos a respeito do exército de Israel (e de seus soldados) dos quais tanto se tem falado no país. 

Antes de mais nada, as forças armadas são formadas pela própria população israelense (ou seja, não é um exército profissional), e servi-las é obrigatório para homens e mulheres. Na guerra atual, mais de 300 mil reservistas foram convocados para permitir que o país lidasse com 7 frentes de combate diferentes. Este conflito foi iniciado pelo grupo terrorista Hamas no dia 7.10.23, quando 6 mil de seus combatentes invadiram comunidades agrícolas e cidades no sul de Israel, e mataram 1,2 mil pessoas, feriram mais de 5,5 mil e sequestraram 354 israelenses, dos quais 99 ainda hoje são mantidos prisioneiros em Gaza.

Uma vez lembrado o contexto, vamos ao vexame.

Doxing e acusações sem provas

Há alguns meses, começou a ganhar força pelo mundo um tipo diferente de ataque contra Israel e sua população denominada “doxxing”, que é a prática de pesquisar informações sobre uma determinada pessoa e depois usá-las, sem a permissão da vítima, para prejudicá-la. É a isso que se presta a Fundação Hind Rajab (em inglês, HRF), que identifica soldados israelenses, por meio de suas postagens em redes sociais, para acusá-los de potenciais crimes de guerra – no entanto, sem apresentar evidências ou provas.

O Brasil – que surpresa – deu palco a uma ação desse gênero na última semana. Sua vítima: um israelense de 21 anos que estava no Brasil a turismo. A entidade Stand With Us Brasil resumiu a história em um comunicado de esclarecimento. Reproduzo aqui parte dele:

“No último dia 30, a Justiça Federal determinou que um soldado israelense de férias no Brasil fosse investigado pela Polícia Federal por supostamente ter cometido crimes de guerra na Faixa de Gaza. Diferentemente do que tem sido noticiado, contudo, não houve mandado de prisão e o israelense já deixou o país, conforme seu planejamento prévio, indo para a Argentina. (…) Trata-se de um sobrevivente do massacre realizado pelo Hamas no Festival Nova, em 7 de outubro de 2023, no sul de Israel. (…) A queixa-crime foi apresentada ao judiciário brasileiro pela Fundação Hind Rajab (HRF). (…) O próprio Ministério Público Federal (MPF) afirmou que as provas apresentadas são insuficientes para estabelecer qualquer ligação entre o acusado e os crimes a ele imputados.”

Mal-estar diplomático

O Brasil não está inovando em nada nesse tema. Segundo o Ministério do Exterior de Israel, já houve pelo menos outros 12 casos recentes de queixas contra soldados das Forças Armadas israelenses em países como Tailândia, Bélgica, Holanda e Chipre, entre outros (todos eles, destinos turísticos tradicionais dos jovens israelenses). As reclamações não resultaram em investigação e, em todas elas, não houve nenhum caso de prisão. No entanto, um israelense foi detido para interrogatório no Sri Lanka e dois ex-soldados tiveram sua entrada na Austrália recusada nos últimos meses. 

O mal-estar gerado entre as forças diplomáticas de Israel e as destes países só é menor do que o tremendo susto, desgaste e ônus financeiro desses jovens, que os deixam às pressas para não correr o risco de viver uma história de terror. 

O governo de Israel agora quer buscar alguma solução legal para isso e convocou uma reunião urgente para discutir o tema da “perseguição de viajantes israelenses no exterior”.

Era só o que faltava.

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